quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Por um 2016 sem chupeta e sem mamadeira - parte 1

Ao final de 2014, ele chegou a entregar a chupeta para o Papai Noel. Foi uma ação espontânea que me chocou até. Estávamos passando pela nossa fase difícil de entender, superar e seguir após minha separação do pai dele. Um momento, que eu já sabia, que ia durar ainda um tempo. Por isso, de cara, não só me espantei como tive medo. Na hora da entrega, não impedi, não falei, não fiz nada. Simplesmente deixei.

Cerca de uma hora e meia depois ele queria a chupeta de volta. Como ele tinha colocado em uma caixa de entrega de chupetas no shopping, não tinha como pegar de volta. Mas propus comprar uma nova, igual, como ele pedia. Sabia que aquele era um dos meus momentos com ele que eu - e ele - devíamos dar um passo para trás. Já tínhamos feito isso antes. Faremos sempre que for necessário. Compramos outra que, agora, eu já nem lembro mais se foi igual-igual como ele queria.

Saímos ilesos de 2015, mas não foi fácil para ele. Aos poucos, se adaptou. Ao mesmo tempo, se apegou ainda mais à chupeta e à mamadeira. Passou a usar com muita frequência a chupeta e a mamadeira deixou de ter vergonha de tomar com os outros. Desde um ano e meio de idade, ele não tomava mamadeira se não fosse comigo ou com a avó, em casa (na minha ou na dela). Passou a pedir mamadeira em lugares inusitados (durante passeios ou na casa de outras pessoas), mas eu não carregava mais mamadeira. Foi dormir na casa de 2 amigos e, ambas as vezes, levou a mamadeira e tomou sem problemas. Além disso, a chupeta me incomodava (sempre me incomodou, nunca gostei, sempre tive nojo desde bebê) porque atrapalhava a fala, estava alterando a arcada dentária visivelmente. Eu sabia que era hora de tirar. Mas como? Mas quando? Sempre que se falava no assunto, ele fugia.

Claro que o Papai Noel é sempre uma boa alternativa e opção. Só não sabia se teria tempo hábil de convencê-lo. Até a escola, na última reunião do ano, pediu e incentivou a retirada dos dois. Como passei a pensar seriamente na questão já bem no final do ano, trabalhava até com a hipótese de tirar no aniversário (que já era uma coisa que a gente falava) ou quando o primo nascer (que deve ser bem depois do aniversário e a gente aproveitava a animação com o nascimento do primo). Mas resolvi tentar o Papai Noel. A princípio, a ideia era colocar a chupeta em uma caixa amarela, como ele pediu. Mas como meu pai contratou um Papai Noel para a noite de Natal, eu achei que seria perfeito.

Ele adora Papai Noel. Acredita super. Com o papai noel "em pessoa" descartei até a caixa. Falamos sobre o assunto algumas vezes e, quando ele chegou, incentivei a entrega. Ele não resistiu e entregou no ato. Eu chorei. Coração de mãe sofre. Fiquei ali, olhando, chorando e sofrendo escondida enquanto meu menino dava um grande passo (e só de escrever e lembrar eu já choro de novo).

Ganhou presentes, cobrou outro da sua lista de pedidos e o Papai Noel avisou que os outros estavam na casa da Vovó. Brincamos até tarde. Um tio quase da mesma idade. Uma infinidade de presente espalhado, enfim...

Na hora de ir para a cama cometi um erro estratégico. Avisei "de surpresa" que o Papai Noel também tinha levado a mamadeira. Calculei que ele iria levar numa boa. Mas a notícia, que não tinha sido combinada previamente e nem conversada, caiu como uma bomba. Ele chorou, brigou, esperneou, deu o maior piti porque faltava o tutu (a chupeta) e o tetê (a mamadeira). Ele me acusava dizendo que só entregou a chupeta porque eu pedi (e a mãe sofria ainda mais com a tal guardada no bolso porque tinha sido devolvida pelo Papai Noel às escondidas depois da entrega).

Ele, bravo, não me deixava chegar perto e acalmar. A Tia também tentou, conversou, quis convencer e, aos poucos, ele foi acalmando. Ela disse a ele que o Papai Noel tinha levado a chupeta dele para outra criança, que era muito pobre, não tinha chupeta, etc e tal.

Dei mais um passo atrás. Devolvi a mamadeira. Achei injusto não ter combinado e fazer. Foi uma tentativa fracassada e já passava da uma hora da madrugada, não ia insistir. Voltei para a sala com a mamadeira feita e avisei que achei a mamadeira caída no gramado, que o Papai Noel deixou cair. Ele baixou a guarda e se acalmou. Tomou, deixou eu me aproximar para acalmá-lo. Conversamos e, então, levei ele para a cama com a promessa de que, depois, tentaríamos procurar o Papai Noel.

Na manhã seguinte, ele pediu pela chupeta e que procurássemos o Papai Noel para pegar a chupeta. Desconversei, mudei de assunto. Não queria mais prolongar aquilo. Quase chegando em casa, ele mais uma vez falou da chupeta. Por sorte, do outro lado da rua, havia uma família na calçada morando com uma criança bem pequena. Aí, mostrei a ele, e disse que o Papai Noel tinha levado a chupeta dele para uma criança como aquela, que morava na rua, que não tinha dinheiro para ter uma casa ou para comprar uma chupeta e que ela precisava muito. Ele se acalmou. E ficamos bem. 

Na verdade, quando ele está com sono, ele tem colocado o dedo na boca e chupado. Não gosto, mas acredito que seja transitório. Até hoje, ele só pediu pela chupeta mais um dia (perto do ano novo), mas conversamos e ficou por isso mesmo. Ele diz que o dedo é a nova chupeta dele - é, juro! -, mas como ele não tem o hábito, ele não fica com o dedo muito tempo na boca. Mais para pegar no sono. Neste caso, preferiria a chupeta, mas não quero voltar atrás. Só sei que assim seguimos.

O post já ficou muito grande. No próximo, conto como foi o caso da mamadeira. Afinal, sabia que depois a chupeta, seria uma questão de (pouco) tempo até ele largar a mamadeira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário