Sábado de manhã saímos para comprar carne no supermercado. Fomos a pé. Logo na esquina de casa, em frente a um bar que frequentamos com assiduidade, de longe notei umas pedras no meio do caminho. As mesmas pedras que formam a calçada.
Ao me aproximar, consegui enxergar que as pedras formavam uma suástica. Ao passar por ali, com meu filho que não entende nada do mundo, me senti agredida e resolvi desfazer o símbolo que estava assim tão perto da nossa casa, tão próxima do nosso mundo.
É um símbolo e é evidente também que não vai dar para afastar de perto dele (e nem mesmo de mim) todas as coisas ruins para sempre. Mas - naquele momento - me senti na obrigação.
Ele, claro, ficou curioso em saber o motivo de eu chutar as pedras para desmanchar o que estava feito que ele, até então, nem tinha reparado ao certo e que forma tinha.
Então, expliquei, de forma menos profunda e mais direta possível que ali estava formada uma suástica. E que aquele era um símbolo que representava o nazismo, onde muita gente matou muitas pessoas porque elas eram judias, porque tinham outra religião, outra forma de viver e pensar.
Ele ficou um pouco impactado em saber que pessoas tinham matado pessoas. E desatou a dizer que não podia matar as pessoas, que era triste fazer aquilo, que era errado e que as pessoas que tinham matado eram maus. E então me sugeriu como ele tem feito com frequência: tendo uma ideia.
Desta vez, sua ideia era com que nós nos transformássemos em super heróis que faziam as pessoas que foram mortas reviverem. Uma ideia linda e que eu queria muito que pudesse muito ser um super poder possível, mas entramos em outra profunda discussão de que este poder é apenas do Papai do Céu e que a gente não podia fazer aquilo, por melhor que fosse nossa intenção. Então, a conversa se estendeu e se desenrolou em o poder de Deus, dos médicos e das pessoas. Uma coisa puxando a outra conforme a curiosidade dele avançava ou recuava ou até tomava um caminho totalmente improvável.
Em um caminho de menos de 3 quadras falamos de tantas coisas naquela perspectiva infantil que me espantou. Especialmente porque ao chegar finalmente no supermercado, ele esqueceu toda a conversa e seguiu em direção aos carrinhos que tem o mesmo tamanho que ele e saiu empurrando, pronto para fazer compras e não mais discutir nada sobre mais nada.
Afinal, com 4 anos tudo parece e é tão efêmero que não merece durar mais que alguns passos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário